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“Nesta hora limpa da verdade é preciso dizer a verdade toda
Mesmo aquela que é impopular neste dia em que se invoca o povo
Pois é preciso que o povo regresse do seu longo exílio
E lhe seja proposta uma verdade inteira e não meia verdade
Meia verdade é como habitar meio quarto
Ganhar meio salário
Como só ter direito
A metade da vida
O demagogo diz da verdade a metade
E o resto joga com habilidade
Porque pensa que o povo só pensa metade
Porque pensa que o povo não percebe nem sabe
A verdade não é uma especialidade
Para especializados clérigos letrados
Não basta gritar povo é preciso expor
Partir do olhar da mão e da razão
Partir da limpidez do elementar
Como quem parte do sol do mar do ar
Como quem parte da terra onde os homens estão
Para construir o canto do terrestre
- Sob o ausente olhar silente de atenção -
Para construir a festa do terrestre
Na nudez de alegria que nos veste.”
De Sophia de Mello Breyner Andresen in O Nome das Coisas
Vida na web: http://inatingivel.wordpress.com/2008/05/03/vozes-doutros-2/
Uma hora exata a este mundo que habitamos.
Agradeço os lindos posts
Um comentário:
“Ter escravos não é nada, mas o que se torna intolerável é ter escravos chamando-lhes cidadãos.”
D. DIDEROT
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