domingo, 28 de novembro de 2010

O que se espera

 

 

 


Que saiba entender os ditames do meu coração,
que entenda de paixão,
que possua emoções fortes
e ressonâncias suaves de carinho e atenção;

que não esconda os meus erros,
mas que saiba apontá-los quando for necessário;
que me defenda quando eu estiver com a verdade
ou me repreenda quando usar de ignorância mal suspeitada.
Que goste da poesia na madrugada,
do vento terno que afaga
sob o canto melancólico de um sabiá que anuncia a alvorada.

Que goste do sol, da lua, das estrelas,
do canto dos ventos e da canção das brisas.
Que tenha muito amor em seu coração
para dividir com quem tem pouco
e doar para quem a dor horroriza.

Que ame apaixonadamente
com toda emoção,
com toda paixão,
e saiba transmitir este sentimento num simples olhar.

Que ame o seu próximo diante da dificuldade,
e respeite a dor daqueles que choram escondidos
dos caminhantes solitários, dos corações afligidos,
pelo frio glacial da decepção e da maldade.

Que saiba guardar segredos,
sendo cúmplice em todos os momentos,
confidenciar desejos,
sem fazê-los público em detrimento...

Não precisa ser perfeito,
nem mesmo ser um Anjo
que jamais tenha cometido algum erro,
mas que saiba reconhecer o seu próprio erro
e pedir desculpas,
que saiba perdoar e ser perdoado.

Não é necessário que seja a pureza em pessoa,
mas que jamais seja vulgar.

Que alimente em sua alma
um sonho, um ideal,
que seja suficientemente grande e puro
para honrar a sua própria existência;

Que tenha uma sensível compreensão,
para compadecer-se das pessoas tristes,
e perceber o imenso vazio
de uma alma que chora na escuridão.

Desejo um amigo,
que se comova quando eu diga: "AMIGO"!!!

Que saiba conversar de coisas simples,
da beleza das árvores,
das chuvas suaves e refrescantes
e de recordações excitantes
da adolescência ou da infância.

Desejo um amigo....
para que no burburinho do dia a dia,
eu não enlouqueça
e nem me sinta perdido
no frio trato da sociedade moderna e materialista.

Desejo um amigo,
para compartilhar com ele tudo o que
tem-se visto de belo
ou até mesmo a tristeza;
Que me escute com clareza,
com atenção e nobreza
durante um dia ou uma noite,
"olho no olho",
sentindo o calor e a respiração,
as batidas do coração,
no movimento da manhã,
na calma do entardecer
ou no remoto silêncio da madrugada,
de mãos sempre dadas
e os corações unidos,
confidenciando as ânsias e as dores,
os sabores e os amores
as conquistas e os desejos
de ocultos e bem guardados segredos.

Que goste das ruas desertas
para uma boa conversa
uma boa caminhada,
sem se importar que as mãos estejam vazias,
e que nos bolsos não há nada.

Caminhar sem saber aonde ir,
sem destino,
porém bem humorado.
sobre os córregos das chuvas,
ou dos senderos molhados,
paralelos aos pequenos riachuelos.
Sem pressa, sem ânsias, sem medos...

E ao amanhecer
nos prados ainda úmidos pelo sereno que enfeitiça,
recostar nossos corpos já cansados
sentindo a fragrância pura da grama fresca
ao embalo de longos bocejos cheios de preguiça.

Desejo muito um amigo... muito mesmo
que nos diga constantemente que vale a pena viver,
que não carregue o peso das minhas provações,
mas me ensine que elas podem ser muito mais leves
quando acreditamos que não estamos a sós,
porque um amigo está perto e pode nos orientar.

Desejo ainda um amigo...
para enxugar as minhas lágrimas
quando não encontrar mais os meios de detê-las
jorrando inconsolavelmente dos meus olhos
da triste fonte de minha alma
que às vezes tão desesperada
não encontra as soluções,
não vê os caminhos
que em meio aos labirintos
possa divisar a sua presença amiga indicando-me a saída.

Desejo um amigo
que me re-ensine a amar
quando já decepcionado desacredite no Amor,
pois de todas as companhias,
de todos os conselhos que possa receber,
nenhum será mais forte e mais acolhedor
que a voz pura e cristalina
daquele a quem eu chamo de
AMIGO!! 

Hassin Ghannam

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Para viajar basta existir.

         
 Fernando Pessoa 

(Lisboa, 13 de Junho de 1888 - Lisboa, 30 de Novembro de 1935)





Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,

mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.

E que posso evitar que ela vá a falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e

se tornar um autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar

um oásis no recôndito da sua alma .

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.

É saber falar de si mesmo.

É ter coragem para ouvir um 'não'.

É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?

Guardo todas, um dia vou construir um castelo...



(Fernando Pessoa)