segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Nossa alma...

Rating:★★★★
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"O campo aberto ao músico não é um mesquinho teclado de sete notas, mas um teclado incomensurável, ainda quase completamente desconhecido, onde apenas aqui e ali, separadas por imensas trevas inexploradas, algumas dos milhões de teclas de ternura, de paixão, de serenidade que o compõe, cada qual tão diferente das outras como um universo de outro universo, foram descobertas por alguns grandes artistas que, despertando em nós o correspondente do tema que encontraram, nos prestam o serviço de mostrar-nos que riqueza, que variedade oculta, sem o sabermos, essa grande noite indevassada e desalentadora de nossa alma, que nós consideramos como vácuo e nada."

Proust: No caminho de Swann.

Ouvindo a Alma




De novo diante de um desafio enorme, uma mudança muito grande acenando no horizonte e isso ainda nos deixa com um frio na barriga. Às vezes o Universo nos coloca diante de coisas que nos parecem completamente inesperadas, mas que se olharmos para elas vamos ver que é o que estávamos esperando há muito tempo, só que elas chegam tão de repente e nos parecem tão perfeitas... como se tudo estivesse sendo preparado enquanto a gente se afligia no caminho de se conhecer.
O Universo não costuma seguir os nossos projetos para nos trazer o que precisamos viver. Ele tem os próprios caminhos e planos que muitas vezes nos assustam pela precisão. Quando acha que estamos prontos para mudar de rumo, pode trazer tudo prontinho e nos pede para assumir o novo.
Quando temos que correr riscos que irão nos levar além dos limites do conhecido, por mais que tenhamos os sinais e as confirmações, e por mais que tenhamos pedido por isso, ainda assim podemos ter medo do novo.

Pedimos por ele, mas... quando ele chega e implica em mudanças tão profundas nos nossos padrões antigos, que de tão antigos e conhecidos nos prendem, muitas vezes podemos querer fugir do que mais queremos. Por que queremos tanto a mudança e o novo, sendo que não queremos abrir mão das velhas proteções que nos dão uma suposta segurança, mas não nos levam mais a lugar nenhum. A Alma adora nos chamar para lugares novos e desconhecidos, resistimos um pouco, mas quando o Universo insiste nos mostrando tantos sinais e sincronicidades que nós não temos mais como não perceber a mão do destino agindo; acabamos indo!

adaptação: Rúbia Dantés



"A sutileza do pensamento consiste em descobrir a semelhança das coisas diferentes e a diferença das coisas semelhantes. " Montesquieu

A Origem (Inception)

http://www.interfilmes.com/filme_21833_A.Origem-(Inception).html

A ultima Musica (The Last Song)

http://www.interfilmes.com/filme_22932_A.Ultima.Musica-(The.Last.Song).html

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

O último sortilégio




"Já repeti o antigo encantamento,
E a grande Deusa aos olhos se negou. 
Já repeti, nas pausas do amplo vento, 
As orações cuja alma é um ser fecundo. 
Nada me o abismo deu ou o céu mostrou. 
Só o vento volta onde estou toda e só, 
E tudo dorme no confuso mundo.

"Outrora meu condão fadava, as sarças 
E a minha evocação do solo erguia 
Presenças concentradas das que esparsas 
Dormem nas formas naturais das coisas. 
Outrora a minha voz acontecia.
Fadas e elfos, se eu chamasse, via.
E as folhas da floresta eram lustrosas.

"Minha varinha, com que da vontade
Falava às existências essenciais,
Já não conhece a minha realidade.
Já, se o círculo traço, não há nada. 
Murmura o vento alheio extintos ais,
E ao luar que sobe além dos matagais
Não sou mais do que os bosques ou a estrada.

"Já me falece o dom com que me amavam.
Já me não torno a forma e o fim da vida
A quantos que, buscando-os, me buscavam.
Já, praia, o mar dos braços não me inunda.
Nem já me vejo ao sol saudado ergUida,
Ou, em êxtase mágico perdida, 
Ao luar, à boca da caverna funda.

"Já as sacras potências infernais,
Que, dormentes sem deuses nem destino,
À substância das coisas são iguais,
Não ouvem minha voz ou os nomes seus. 
A música partiu-se do meu hino.
Já meu furor astral não é divino
Nem meu corpo pensado é já um deus.

"E as longínquas deidades do atro poço, 
Que tantas vezes, pálida, evoquei
Com a raiva de amar em alvoroço, 
lnevocadas hoje ante mim estão.
Como, sem que as amasse, eu as chamei, 
Agora, que não amo, as tenho, e sei
Que meu vendido ser consumirão.

"Tu, porém, Sol, cujo ouro me foi presa, 
Tu, Lua, cuja prata converti,
Se já não podeis dar-me essa beleza
Que tantas vezes tive por querer,
Ao menos meu ser findo dividi 
Meu ser essencial se perca em si,
Só meu corpo sem mim fique alma e ser!

"Converta-me a minha última magia
Numa estátua de mim em corpo vivo! 
Morra quem sou, mas quem me fiz e havia, 
Anônima presença que se beija,
Carne do meu abstrato amor cativo,
Seja a morte de mim em que revivo;
E tal qual fui, não sendo nada, eu seja!"


Fernando Pessoa

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Aguardo tua chegada!

Rating:★★★★
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E assim quando vc chegar ...
sou porque tu És!

Exercícios entre asas e reflexões




Fernão Capelo Gaivota

Saudade tem cor?


Como a vida conversa em cores,
saudade é mais que interno crescimento
é a troca dos matizes em tons reconhecidos.

A cor da saudade...deixa sempre uma parte de nós
uma essência... o tesouro guardado,
o encontro inadiável, uma réstia, um raio de Sol,
uma borboleta entre pousos a cumprir.